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maio 24, 2016

A DIFÍCIL ESCOLHA: MANTER A VIDA DOS BEBÊS OU PERDER A PRÓPRIA VIDA


ÊXODO 1:15-22

Pr. Flávio da Cunha Guimarães

Este post tem como público alvo: Os teólogos, os pastores, os seminaristas, os pregadores da Palavra de Deus e aqueles que gostam de ler conteúdo sobre a Palavra do Senhor.

O Egito foi governado pelos Hicsos, reis estrangeiros por mais de 300 anos e eram reis pastores semitas, bem como de outros povos. Quando os jacobitas entraram no Egito, no tempo de José, eram eles que estavam no poder e receberam os hebreus de maneira afetiva e calorosa. A expulsão dos Hicsos se deu por volta de 1580 a C, reinando em seu lugar o rei egípcio Amose I. Isso explica o porquê os egípcios não gostavam e não se misturavam com pastores, porque os pastores eram considerados abomináveis. O faraó que escravizou os hebreus e decretou a morte dos meninos, por estrangulamento ao nascerem, tarefa dada as parteiras, tudo indica que foi o faraó Seti I. O cativeiro durou entorno de 50 a 60 anos. Moisés nasceu em 1520 a C, quando a princesa que dividia o poder com o pai, por ser a filha mais velha, por nome Hatshepsut, quem adotou Moisés e que foi soberana no Egito após a morte do pai. Seti I fora o faraó da escravidão e Ramessés II o do Êxodo. Portanto, Moisés seria o herdeiro legítimo do trono do Egito, o que renunciou como nos diz (Heb. 11: 24) “Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó”.

        O REI ORDENOU, (V.15)
        ORDENOU O QUE? Que os meninos hebreus fossem estrangulados ao nascerem. Isso caracterizava o assassinato em secreto, em silêncio sem prova testemunhal. Era simplesmente o genocídio. O que é genocídio? É o crime praticado contra grupo de uma nação, étnico, racial ou religioso com a intenção de destruir o grupo total ou parcial através de homicídio causando graves lesões físicas ou mental, submetendo o grupo a se autodestruir, adotando medidas para evitar o nascimento no grupo ou forçar a transferência de crianças de um grupo para outro. Foi o que faraó fez com os hebreus. Tal atitude, tal ação nada mais é do que uma atitude satânica, mas providencial ou permitida por Deus para forçar o seu povo a desejar sair do Egito para tomar posse da terra da promessa, visto que o povo estava acomodado a situação no Egito e suas regalias.

        ORDENOU A QUEM? 



Ordenou as parteiras, (V.15), que tinham por nomes Sifrá que significa “beleza” e Puá que significa “esplendor”. Os nomes não eram hebreus, tudo indica que eram semitas, mas que foram chamadas de hebreias.


        O texto fala apenas de duas parteiras. Todavia, precisamos entender que não eram só duas parteiras para atender todas as mulheres de Israel. Em torno disso há sugestões que são:
        1 – Eram únicas, o que descartamos essa hipótese;
        2 – Que foram as únicas a desobedecerem a faraó, o que também descartamos;
        3 – As únicas em que os nomes foram lembrados; e,
        4 – Ou poderiam ser as presidentes ou chefes de uma associação de parteiras. O que parece ser mais coerente. Os comentaristas aceitam as opções 3 e 4.
         Quem desobedecia o decreto do rei, nesse caso era pena gravíssima. Portanto, era punido(a) com pena de morte, o que as parteiras estavam sujeitas e não foram porque o Senhor estava no comando de todo o processo.

        O PRIMEIRO DECRETO, (V.16)
        A ordem era matar todos os meninos que nascessem dos hebreus. Tal ordem tinha a intenção de enfraquecer e destruir o povo de Deus dentro de uma ou no máximo duas gerações. Mortes essas que poderiam ser justificadas como que o bebê nasceu morto ou que morreu ao nascer, que com tempo haveria de levantar suspeitas, de que as meninas viviam os meninos nasciam todos mortos. Ordem semelhante que encontramos de um rei no Novo Testamento, em (Mat. 2:16-18). Enquanto a execução no Novo Testamento era a espada, no Egito a morte era por estrangulamento. Morte sofrida e cruel, pois os bebês não podiam se defender, além de inocentes. As meninas ficavam vivas para uma finalidade, para serem tomadas como escravas e concubinas dos egípcios. Aqui vemos dois tipos de escravidão:
        Primeira: O trabalho forçado, sem remuneração para os homens. Segunda: A relação sexual forçada as mulheres hebreias como escravas.

        LOCAL PARA O PARTO, (V.16)
        Era em casa, visto que na língua hebraica traz a ideia literal de “duas pedras”, sobre as quais as mulheres hebreias se curvavam para dar à luz. Se pensa que as mulheres deitavam de bruços para forçar o nascimento do bebê.

        DESOBEDIÊNCIA PERIGOSA, (V.17)
        Desobedecerem ao decreto de faraó, elas corriam o perigo de vida. As parteiras tiveram que fazer uma escolha clara, entre obedecer o rei ou a Deus. Em lugar delas nós faríamos o que? Embora somos convidados a obedecerem, honrarem os governantes e autoridades civis, como vemos em (Rom. 13:1-5), todavia, quando essas autoridades se colocam no lugar de Deus ou violam mandamentos, não temos a obrigação de obedecerem, mas até de contesta-las com a Palavra do Senhor. O que os Apóstolo Pedro e João, em (At. 4:18-20), fizeram quando questionados e proibidos de pregarem, como vemos na citação acima e o texto a seguir: “E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido”. Deus sempre em primeiro lugar. Se os homens ordenam a fazermos alguma coisa que é contra à vontade de Deus, devemos desobedecer os homens para obedecer ao Senhor.

        AS PARTEIRAS DESOBEDECERAM A FARAÓ PORQUE TEMIAM A DEUS, (V.17)
        Pelo fato de temerem a Deus arriscaram a vida para obedecerem ao Senhor. A confiança em Deus era maior do que o medo para com Faraó. Daí que Deus abençoou e recompensou a fé, a confiança e os esforços das parteiras. Em lugar das parteiras, nós faríamos o que? Cumpriríamos a ordem do rei ou confiaríamos em Deus?
        Neste episódio vejo claramente o agir de Deus, colocando o temor no coração das parteiras, encorajando-as bem como na vida do povo de Deus. O Senhor abençoou, recompensou a fé, a fidelidade delas. Por isso o primeiro decreto de faraó falhou diante da fé, do temor e da obediência das parteiras a Deus, (V.17). Diante do fracasso do decreto de faraó, ela chama as parteiras para uma prestação de contas. Para uma explicação, o que vemos nos (V.18-21). A explicação das parteiras é que as mulheres hebreias eram vigorosas e vivas. Não eram como as egípcias. Poderiam estar mentindo? Sim! Por outro lado, as mulheres hebreias eram mais fortes realmente que as egípcias, por causa do estilo de vida e o esforço maior no trabalho do que as egípcias que eram recatadas. As parteiras não disseram toda a verdade, mas era parte da verdade. É preciso entender que as grávidas hebreias sabendo que as parteiras tinham ordem de faraó para matarem os bebês meninos, elas evitavam chamar as parteiras e se esforçavam para ganhar o filho sozinhas. Só chamavam as parteiras em último caso.

        APROVAÇÃO DE DEUS AS PARTEIRAS, (V.20-21)
        Deus vendo o temor das parteiras e a atitude em preservar a vida dos bebês, não só preservou a vida delas, como diz o texto que Ele fez bem a elas. Abençoou-as com casas e o povo de Deus se multiplicava. Abençoou porque elas temiam ao Senhor, eram-Lhe fieis e pelo o respeito que elas tinham pela vida como fruto da reverência a Aquele que é o doador da vida.

        O SEGUNDO DECRETO, (V.22)


        A fidelidade e a fé das parteiras para com o Senhor, em conservar a vida dos meninos, o que fez com que o primeiro decreto de faraó falhasse, forçou-o a estabelecer o segundo decreto. A uma atitude mais radical. Que todos os pais hebreus jogassem os filhos meninos recém nascidos no Rio Nilo, o que levaria a morte por afogamento ou comidos por crocodilos, o que era normal para os egípcios porque veneravam o Rio Nilo, bem como os animais como sendo sagrados, se os pais não jogassem os filhos no Rio, os soldados o faria. A coragem e a fidelidade das parteiras fez com que fosse revelada publicamente a perversidade de faraó. Desmascarou toda a obra maligna usando o rei do Egito. O que não adiantou. Quanto pior a perseguição ao povo de Deus, mais o povo crescia e se multiplicava, o que aconteceu com a igreja primitiva. A ordem e os planos de faraó nada mais eram do que os planos de Satanás, não só contra o povo de Deus, mas para que o plano da vinda do Messias não se cumprisse, o da redenção em Cristo o que não impediu. Nem faraó, nem Herodes puderam se opor ao plano de Deus para o seu povo e a salvação dos gentios.

         CONCLUINDO
         Enquanto Faraó desejava tirar a vida dos bebês masculinos, as parteiras desejavam e contribuíam para que eles vivessem. Enquanto Faraó planejava o mal para os bebês, Deus fazia o bem. Enquanto Faraó demonstrava incredulidade para com o Deus dos hebreus, as parteiras temiam o Deus Todo Poderoso. Enquanto Faraó temia perder o poder político, Deus agia politicamente correto para fazer de um povo escravo uma nação para Ele. O que motivava Faraó a decretar a matança era o medo de perder o poder, tinha ambição pelo poder; o que motivava as parteiras era a fé e o temor ao Deus Todo Poderoso.
        Que tenhamos o temor, a fé, a fidelidade e a atitude das parteiras em preservar vidas, ainda que corramos o risco de perder a nossa própria vida.

        Pr. Flávio da Cunha Guimarães

Bibliografia

1 - BOYER, Orlando S. Pequena Enciclopédia Bíblica. 7ª Ed. Editora Vida, Miami Flórida USA, 665 p.

2 - CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. III. Ed. Hagnos, 9ª Edição, 2008, São Paulo, 935 P.

3 - COLE, R. Alan. Êxodo – Introdução e Comentário. Tradução de Carlos Oswaldo Pinto. Ed? Editoras Mundo Cristão e Vida Nova, São Paulo, 1972, 231 p.

4 - FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Tradução de Antônio Neves de Mesquita. 2ª Ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1979, 288 p.

5 - GUZINK`S, David. Comentário de Êxodo 1:15-22. e-Sword-the Sword of the LORD withan electronic edge.

6 - HARRIS, R. Laird; Gleason L. Archer Junior e Bruce K. Waltke. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Tradução de Márcio Loureiro Redondo; Luiz A. T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto. 2008, Ed. Vida Nova, São Paulo, 1789 p, p. 235.

7 – JUNIOR, Luder Whitlock. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, 1728 p.

8 - MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo no Livro de Êxodo.
3ª Edição. Rio de Janeiro. Editora JUERP, 1971, 270 P.

9 - OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2014. Disponível em: < http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 dez. 2014.

10 – SHEDD, Russell Philip. Bíblia Vida Nova. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Editora: S. R. Edições Vida Nova, 2ª Ed. 1978, São Paulo.
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