O NASCIMENTO DO LIBERTADOR ÊXODO 2:1-10
Pastor Flávio da Cunha Guimarães
Este post tem como público alvo: Os teólogos, os pastores, os seminaristas, os pregadores da Palavra de Deus e aqueles que gostam de ler conteúdo sobre a Palavra do Senhor.
O povo hebreu estava no Egito, por volta de 370 anos, que para lá fora através da família de Jacó, para passar apenas um tempo, tempo esse que se prolongou e o povo não se lembrava mais da promessa do Senhor, da terra prometida, aos antepassados Abraão, Isaque e Jacó. Daí que Deus permitiu levantar uma escravidão, um sofrimento ao povo de Deus, com a matança de bebês masculinos para que o povo hebreu clamasse por libertação, por liberdade que havia perdido e se lembrasse da promessa do Senhor da terra prometida e desejasse possuir essa terra. É neste contexto de sofrimento que nasceu o libertador do povo, Moisés, sendo ele o instrumento usado por Deus.
OS PAIS DO LIBERTADOR, (ÊXODO 6:20).
Nos diz o (V.1), que
um homem que sabemos que era Anrão, (Êx. 6:20) da tribo dos levitas.
Descendente, portanto, de Levi, o terceiro filho de Jacó com Lia ou Leia, como
queira pronunciar; casou-se com uma descendente dos levitas, que sabemos que
seu nome era Joquebede tia de Anrão, como nos diz (Êxodo 6:20).
Anrão significa povo engrandecido,
engrandecimento esse que se tornara em humilhação no Egito. E Joquebede
significa Jeová é glória. Glória essa que fora ofuscada com a escravidão e com
a matança dos bebês. Desse casamento nasceram Miriã, Arão e Moisés. Sendo Arão
mais velho do que Moisés três anos como vemos em (Êxodo 7:7). De acordo com o
que diz o (V.2), o bebê era muito bonito, formoso e saudável; por isso foi escondido
por três meses, pois o decreto do rei era que os meninos hebreus recém-nascidos
deveriam ser jogados no Rio.
O que se entende é que
Arão era para ser estrangulado ao nascer (1:16), o que não aconteceu; entre o
nascimento de Arão e Moisés, Faraó estabeleceu o segundo decreto que tinha como
teor ou pena, os bebês meninos dos hebreus serem jogados com vida no Rio Nilo.
Um decreto cruel, desumano que obrigava os pais afogarem os próprios filhos.
Moisés e tantos outros nasceram em um mundo hostil. Assim como Moisés, o
fundador da nação de Israel, nasceu condenado a morte, Jesus Cristo depois de
dois anos de nascido fora condenado a morte também sob o edito de Herodes, o
Grande, (Mat. 2:16) e foi salvo da mesma ao fugir para o Egito, sendo Ele o
fundador da Igreja do Senhor. Quando os pais de Moisés o abandonaram no Rio
Nilo, Deus o amparou de maneira maravilhosa.
Adicionar legenda |
O DRAMA DOS PAIS DO
LIBERTADOR, (1:22 E 2:2).
Esconder libertador
por três meses só porque eram hebreus, estrangeiros no Egito. A única razão
para serem oprimidos, odiados e os filhos serem condenados a morte. Mas a sua
vida foi preservada por algumas razões: 1 – O libertador tinha pais
verdadeiramente crentes; 2 – Os pais tinham uma fé inabalável; e, 3 – Temos que
ver a mão de Deus por trás de todos os acontecimentos.
ESCONDERAM O
LIBERTADOR POR TRÊS MESES, (V.2).
Três meses longos
diante de apreensão, da angústia, do medo, das incertezas e do sofrimento. Mas
por outro lado, os pais esconderam o filho, não só pelo instinto maternal e
paternal, o fizeram também pela fé em Deus, (Heb. 11:23), que o Senhor daria o
livramento, o que de fato deu. Uma situação dramática. Nos coloquemos no lugar
de Anrão e Joquebede para entendermos melhor essa mistura de sentimento em que
viveram. Em lugar deles faríamos o que?
NÃO PODENDO ESCONDER
MAIS O LIBERTADOR, (V.3).
Sem dúvidas é um
relato dramático, sofrido e de uma mistura de medo, insegurança com fé e
confiança que o Senhor haveria de entrar em ação. Mas o agir do Senhor não
dispensa a ação humana no processo. Coube aos pais os preparativos, o
planejamento em construir a arca com todos os detalhes e segurança, para se
desprenderem do que não se podia desprender, o filho, na certeza que o livramento
viria, como de fato veio pela ação do Senhor. Como é difícil abrir mão, se
desprender, se desfazer do que não se pode ser desfeito. Podemos sentir uma
mistura de sentimentos, de incertezas e medo, com a fé e esperança, nos pais do
libertador, que Deus traria o filho de volta, como realmente o trouxe. Deus dá
grandes coisas quando desprendemos delas e entregamos a Deus. Entendemos que foram
a fé e a esperança que motivaram os pais do libertador construírem o cesto, o baú
ou a arca de juncos ou papiros em abundância as margens do Rio Nilo, um tipo de
planta de 2 a 4 metros de altura. Calafetaram, betumaram com petróleo, asfalto
e piche para impermeabilizar a arca para não entrar água e o bebê morrer
afogado. Toda essa descrição do (V.3) demonstra a fé, a esperança em livramento,
mas também o amor ao filho querido e amado, o zelo, o cuidado em todos os
detalhes.
O LIBERTADOR É
COLOCADO A BEIRA DO RIO, (V.3 E 4).
A arca foi colocada na
beira do Rio Nilo onde havia juncos ou papiros por algumas razões: 1ª – Porque
não havia correnteza para o levar embora rio abaixo. 2ª razão – Porque havia
menor perigo de crocodilo comê-lo do que em lugares limpos de areia ou praia.
3ª razão – Porque os juncos ofereciam sombra para amenizar o sol escaldante e
consequentemente o calor. Após colocar a arca a beira do rio, a sua irmã Miriã
(Êx. 15:20), que já era grandinha, ficou de longe olhando o que aconteceria com
o seu irmãozinho e o que ia lhe suceder.
Tudo muito bem
planejado! O menino foi colocado ali de propósito, pois era o lugar onde a
princesa real se banhava de acordo com o rito religioso, o que os hebreus
sabiam e entendiam muito bem da religiosidade, a cultura e os costumes dos
egípcios.
A PRINCESA VENDO A
ARCA MANDA BUSCÁ-LA (V.5).
A princesa ao chegar
ao ria para se banhar, viu a arca e mandou a sua criada pegar a mesma. Podemos
perceber que Deus estava usando os planos humanos, ainda que os homens não
notassem isso. A filha de faraó, diz os comentaristas, era a herdeira do trono,
do reinado do Egito e seu nome era a famosa Hatshepsut. Por ela não ter filho,
adotou o menino hebreu achado na arca. Aqui podemos ver que ela estava
preparando o herdeiro do trono. Ela reinou sobre o Egito após a morte de seu
pai de 1504 a 1483 a C. Além das razões políticas em fazer Moisés, seu filho, o
príncipe legitimo em rei, está incluso na atitude da princesa os seus
sentimentos maternais, sem descartar, porém, a inspiração e a direção divina.
EIS QUE O LIBERTADOR
CHORAVA (V.6).
Ao chegar a arca junto
dela, ela a abriu, vendo o menino e o mesmo chorava. Algumas razões o porquê o
bebê chorava. Quais? Fome? Calor? Frio? Ausência da família? Foi o choro do
bebê que a comoveu a ter compaixão? A fragilidade e por ser indefeso? Ou a ação
divina na vida dela? Ao nosso entender as três últimas opções.
A COMPAIXÃO DA PRINCESA
PELO LIBERTADOR (V.6).
Entre algumas palavras
no hebraico que descrevem compaixão escolhemos duas para destacarmos, que são
elas: (חרּם – Hûs) que tem o sentido de
poupar a criança do sofrimento e da morte. Que descreve o sentimento de empatia
para com quem está em dificuldades, que era o caso do bebê achado na arca na
beira do rio. A outra palavra hebraica é: (חׇמַל – Hamal), que significa
compaixão no sentido de uma reação emocional que resulta na ação para livrar a
pessoa, que no caso aqui era o bebê, de uma dificuldade imediata. Já a palavra
no grego em que o Antigo Testamento foi traduzido, Septuaginta é: (φείδομαι – feidomai) significa que a
princesa foi sensível, amável e misericordiosa para com o bebê libertador, o
que faltou ao pai dela. O que faltou no decorrer da história da humanidade. E que
tem faltado a humanidade nos dias atuais. A filha de Faraó mal compreendia a
amarga tristeza de não ser mãe, mas era o meio pelo o qual Deus estava
preparando o coração dela para ter compaixão na hora propícia. Deus fez e faz
com que os mais desprezados sejam servidos pelos grandes e nobres da terra,
(Is. 49:23).
Anrão e Joquebede ao prepararem a arca e
coloca-la na beira do rio, revela pelo menos três coisas:
1 – Eles estavam abrindo mão,
desistindo, deixando ir o filho que era precioso para eles;
2 – Por outro lado, diante de todo o
plano, preparativo que providenciaram, demonstra que eles confiavam em Deus
quanto ao bem estar da criança no futuro. Que Deus iria cuidar dele, que eles reencontrariam
o filho e que o teria de volta no futuro, o que o Senhor recompensou de maneira
maravilhosa a fé deles. O que de fato aconteceu de imediato quando a irmã
sugeriu que uma mulher hebreia criasse o filho para a princesa, o que a
princesa consentiu e o libertador veio para os braços da mãe que agora ainda
recebe salário para criar o próprio filho; e,
3 – Eles, os pais, não deixaram de
cumprir o decreto de Faraó, (1:22), colocando o filho no Rio Nilo, mas de forma
que o pudesse salvá-lo, o que originou o nome do libertador.
PRIVILÉGIO E NÃO PRIVILÉGIOS
Os pais do libertador tiveram o
privilégio de gerar o filho, de cria-lo até certa idade, talvez uns quatro a
seis anos, mas não tiveram o privilégio de educa-lo até ser jovem, nem mesmo
escolher o seu nome. O que a princesa fez (V.10). Ela o chamou de Moisés. Que significa
literalmente “tirar para fora”, “Tirar do rio, da água, salvar da água”,
(SHEDD, 1978, P. 63 E MESQUITA, 1971, P.46).
EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO DADAS A MOISÉS
Moisés foi instruído em todo o
conhecimento, em toda a ciência do Egito e como príncipe era poderoso em
palavras e atos, (At. 7:22). Dizem os comentaristas que aprendera artes,
línguas, matemática, geografia, história, escrita, literatura, filosofia,
música e treinamento para a guerra. Ao desfilar em carros próprios, os súditos
encurvavam-se, dobravam os joelhos diante dele.
A RENÚNCIA DO LIBERTADOR
Diante de todo esse glamour que poderia
encher o seu ego, que o fazia famoso e poderoso, a tudo renunciou para servir a
Deus entre o seu povo sendo o instrumento do Senhor para libertar o seu povo da
escravidão, da mortandade e fazer desse povo marginalizado a nação do Senhor, o
povo de Deus.
Quantos que não querem renunciar nada
para servir ao Senhor! Muito menos servir as pessoas! Que possamos aprender com
Anrão e Joquebede, a ter fé de que o Senhor cuidará de nossos filhos quando
fazemos nossa parte e dedicamos eles ao Senhor. Que possamos aprender com a
princesa a ter compaixão dos indefesos e cuidar deles como ela teve e cuidou. Que
possamos aprender com Moisés, o libertador, a renunciar fama, riquezas, luxo e glamour
para estarmos a serviço do Deus vivo que recompensa milhões de vezes mais do
que o que o mundo oferece, amém!
Bibliografia
1 - BOYER,
Orlando S. Pequena
Enciclopédia Bíblica. 7ª Ed. Editora Vida, Miami Flórida USA, 665 p.
2 - CHAMPLIN,
Russell Norman. Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. III. Ed. Hagnos, 9ª Edição, 2008, São
Paulo, 935 P.
3 - COLE, R.
Alan. Êxodo – Introdução e
Comentário. Tradução de
Carlos Oswaldo Pinto. Ed? Editoras Mundo Cristão e Vida Nova, São Paulo, 1972,
231 p.
4 - FRANCISCO,
Clyde T. Introdução ao Velho
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JUERP, 1979, 288 p.
5 - GUZINK`S,
David. Comentário de Êxodo
2:1-10. e-Sword-the Sword of the LORD withan electronic edge.
6 - HARRIS, R.
Laird; Gleason L. Archer Junior e Bruce K. Waltke. Dicionário Internacional de
Teologia do Antigo Testamento. Tradução
de Márcio Loureiro Redondo; Luiz A. T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto. 2008,
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7 – JUNIOR,
Luder Whitlock. Bíblia de
Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica
do Brasil, 1999, 1728 p.
8 - MESQUITA,
Antônio Neves de. Estudo no
Livro de Êxodo.
3ª Edição. Rio
de Janeiro. Editora JUERP, 1971, 270 P.
9 - OLIVEIRA,
Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2014.
Disponível em: < http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 dez. 2014.
10 – SHEDD,
Russell Philip. Bíblia Vida
Nova. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Editora: S. R. Edições Vida
Nova, 2ª Ed. 1978, São Paulo.
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